13 DE ABRIL DE 2019

REUNIÃO 03/19 DE 13 DE ABRIL DE 2019

Reunião  de Estudos do Ciclo de Estudos e Pesquisa em Gênero, Diversidades e Decolonialidade, vinculado ao projeto de pesquisa Educação, Gênero, Diversidade Sexual e Pensamento Decolonial

Relato do dia:
No dia 13 de abril de 2019 tivemos a apresetação das seguintes pesquisas de mestrado:

GÊNERO NA EDUCAÇÃO SUPERIOR: Percepções de professoras do Curso de Licenciatura em Pedagogia da Universidade Federal do Amapá na perspectiva da decolonialidade de Miquelly Pastana Tito Sanches.
e
“TÁ PENSANDO QUE TRAVESTI É BAGUNÇA?!”: Decolonialidade e resistência nas experiências escolares de travestis e transexuais de Macapá, AP de  Rômulo Cambraia Ribeiro.

Se tratam das duas primeiras pesquisas de mestrado, produzidos no âmbito do projeto de pesquisa Educação, Gênero, Diversidade Sexual e Pensamento Decolonial.

início da sessão de estudos com os/as participantes



Neste dia contamos com a participação de:
Kevim Duarte Nunes (IC- Artes/UNIFAP)
José elio Cardoso dos Santos (Artes/UNIFAP)
Ana Karen Brito de Olieira (PPGED/UNIFAP)
Andres Lema Mendez (PPGED/UNIFAP)
Antonio Mateus Pontes costa (PPGED/UNIFAP)
Miquelly Pastana Tito Sanches (PPGED/UNIFAP)
Romulo Cambraia Ribeiro (PPGED/UNIFAP)
Wollacy Lima (externo)
Cristiana Rodirigues de Oliveira (Professora de História-SEED/Amapá)



Miquelly Pastana Tito Sanches (PPGED/UNIFAP), ao centro, apresenta a pesquisa GÊNERO NA EDUCAÇÃO SUPERIOR: Percepções de professoras do Curso de Licenciatura em Pedagogia da Universidade Federal do Amapá na perspectiva da decolonialidade.



GÊNERO NA EDUCAÇÃO SUPERIOR: Percepções de professoras do Curso de Licenciatura em Pedagogia da Universidade Federal do Amapá na perspectiva da decolonialidade de Miquelly Pastana Tito Sanches.

RESUMO:
O estudo traz como objetivo principal compreender os modos como são articuladas e representadas as questões de gênero nas percepções das professoras do Curso de Licenciatura em Pedagogia da Universidade Federal do Amapá (UNIFAP), à luz da perspectiva teórica decolonial. Levando em consideração a história protagonista de professoras universitárias, emerge a seguinte problemática de pesquisa: como são articuladas e representadas as questões de gênero nas percepções das professoras do Curso de Licenciatura em Pedagogia da Universidade Federal do Amapá, à luz da perspectiva da decolonialidade? O arremate metodológico se pautou em dois momentos: um de cunho bibliográfico, para oferecer suporte aos direcionamentos do esboço analítico, e outro de cunho empírico, apoiado na pesquisa qualitativa em que foi realizada, na etapa de pesquisa de campo, aplicação de entrevistas semiestruturadas com 3 (três) professoras. Recorri também a um levantamento histórico da UNIFAP e a documentos específicos ao Curso de Pedagogia. O estudo está organizado e dividido em três seções. A primeira intitula-se “Gênero na Universidade: da colonialidade à decolonialidade” e aborda a historicidade da colonialidade na América Latina, em específico a lógica categorial eurocêntrica no âmbito da universidade brasileira que legitimou o privilégio epistêmico de gênero, seus estereótipos e uma geopolítica do conhecimento genereficado. A segunda seção, “Mulheres na Educação Superior: indicadores ao debate de gênero na Universidade”, apresenta recorte teórico de caráter histórico do Ensino Superior no Brasil como precedentes de causa e da dinâmica relativas a gênero na contemporaneidade a partir de dados do Censo da Educação Superior sob o enfoque da majoritária presença de mulheres na Universidade. A terceira seção, “A questão de gênero na UNIFAP: o protagonismo decolonial de professoras do curso de Pedagogia”, contextualiza a UNIFAP enquanto campo de pesquisa e caracteriza o perfil das professoras colaboradoras da pesquisa analisando, nas experiências, como a colonialidade atravessa as atividades de atuação docente de mulheres e professoras universitárias, sobretudo, do Curso de Pedagogia. Sobre a forma como as questões de gênero mostram-se articuladas e representadas pelo conjunto das colaboradoras da pesquisa, os resultados apontam para as implicações em torno do Ser, Saber e Poder na universidade. Quanto às questões de gênero nos documentos do Curso de Licenciatura em Pedagogia da UNIFAP, identifiquei que não há nos planos de ensinos disciplinas específicas de gênero, e embora haja conteúdo da temática inseridos em várias disciplinas, a palavra gênero não aparece em nenhuma de suas ementas, sendo temática invisível à necessidade com que discorre esse estudo. O entendimento das questões de gênero pelas professoras do Curso de Licenciatura em Pedagogia da UNIFAP perpassam suas trajetórias formativas, indicando memórias de afeto, de técnica/consciente e de aproximação objetiva/prática na escolha e entrada à carreira profissional. Outro achado perpassa o entendimento de Ser a partir de categorias de análise da Vigilância de gênero, Hierarquização de gênero e Estereótipos de gênero; Saber, na percepção de gênero, como construções históricas sociais sobre os sexos; e Poder, como privilégios físicos, cognitivos, sociais e psicológicos do masculino sobre o feminino na universidade. Essas relações de privilégio assinalaram uma ferida em aberto: o machismo, aqui analisado a partir das categorias de posição de referências masculinas de superioridade, simbólica e qualificadora de atribuições no social. Necessidades de gênero também foram depreendidas, revelando sugestões à promoção de gênero como debates e discussões, criação de cotas às mulheres e de estrutura ao amparo de filhas/os de mulheres alunas e professoras como de giro decolonial feminista na universidade.

Palavras-chave: Gênero. Professoras. Educação Superior. Percepções. Decolonialidade.

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Romulo Cambraia Ribeiro (PPGED/UNIFAP), ao centro, apresenta a pesquisa “TÁ PENSANDO QUE TRAVESTI É BAGUNÇA?!” Decolonialidade e resistência nas experiências escolares de travestis e transexuais de Macapá, AP


“TÁ PENSANDO QUE TRAVESTI É BAGUNÇA?!” Decolonialidade e resistência nas experiências escolares de travestis e transexuais de Macapá, AP


RESUMO
A pesquisa configura-se por um recorte social protagonizado pelas travestis e transexuais de Macapá quando de suas experiências na educação formal de nível básico e de que maneira essas experiências lhes fizeram ou fazem saber lidar com suas vidas cotidianamente. Apresentamos discussão dos fenômenos que levam à prática, velada ou não, da exclusão, do preconceito e da marginalização de travestis e transexuais no espaço da escola. O estudo possui a seguinte problemática: como, em suas experiências educativas, travestis e transexuais resistiam e enfrentavam as variadas formas de preconceito? Neste sentido, para o desenvolvimento da pesquisa buscamos: a) compreender a perspectiva metodológica que nos garantisse uma escuta sensível com as colaboradoras da pesquisa, para que assim, soubéssemos lidar com suas narrativas; b) discutir as características teóricas e conceituais dos estudos decoloniais em face das principais categorias que permeiam estes estudos (Decolonialidade, Corpo e Educação, Corporalidades Travesti e Transexual, Pensamentos Subalternos, Necropolítica, Educação Intercultural e Movimentos Sociais); e c) identificar os processos de resistência e enfrentamento produzidos pelos sujeitos da pesquisa quando analisamos as capilaridades do poder hegemônico abrigando, neste espaço de escrita, um local para apresentar as suas histórias de vida no contexto escolar. Destarte, o texto está organizado em três partes principais: 1) memorial, onde escrevo sobre o contexto que me trouxe ao tema deste estudo; 2) introdução, no qual trago elementos estruturantes do projeto que embasam a pesquisa e 3) seções teóricas, onde apresentamos três seções: a primeira discute os aspectos fundantes da Pesquisa Qualitativa pela perspectiva da Pesquisa Participante, metodologia esta que tende a aproximar e inserir os colaboradores no processo de produção científica e que, por este foco, vai ao encontro da Decolonialidade, epistemologia que sustenta e transversaliza essa investigação e que tem no sujeito subalternizado a voz necessária para a superação da relação colonizador versus colonizado. A segunda seção reflete acerca das categorias centrais supracitadas apresentando os dados e suas análises por meio de um levantamento de produções científicas com buscas no site da CAPES (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior) de teses e dissertações que mais se aproximavam ao tema aqui averiguado. E a terceira seção, na qual constatamos que a escola ainda é um lugar hostil e que representa perigo às vidas destas pessoas, devido a lógica hegemônica do binarismo de gênero e da heteronormatividade, embora elas sejam cientes de que suas permanências na educação de nível básico é fator indispensável na qualificação que as prepara para a vida. Assim, por meio da interpretação compreensiva das narrativas de travestis e transexuais em suas experiências escolares na realidade da cidade de Macapá, Amapá, pudemos perceber que elas constroem suas resistências operando, sobretudo, através da formação de redes de amizades as quais, em contrapartida, tornam-se lugares de apoio e segurança para que possam expressar livremente suas travestilidades e transexualidades no espaço da escola. Deste modo, concluímos que elas transgridem e agem contra-hegemonicamente ao poder instituído quando, ao invés de se segregarem e se compartimentarem, como preza o biopoder, elas atam laços de fraternidade com seus pares e demais funcionários da escola no intuito de não sofrerem, passivamente, as consequências da segregação, e exclusão.

Palavras-chave: Decolonialidade. Narrativas. Experiências escolares. Travestis e transexuais. Pesquisa participante.

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30 DE MARÇO DE 2019

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